"Compartilhando Experiências: Superando Desafios e Ampliando Horizontes"

Neste espaço, pode-se escrever as experiências boas e ruins como uma forma de compartilhar nossas dificuldades ao trabalharmos em um país onde as leis e decretos frequentemente não passam do papel. Quando criei este blog, meu objetivo era desabafar a frustração que sentia ao ver tantos alunos em Goiânia sem intérpretes de Libras devido ao descaso do governo. No entanto, logo percebi que poderia ir além e comecei a publicar textos de pessoas que nem conhecia, mas que gostei de ler. Acreditei que compartilhar esse material seria útil para outras pessoas em suas pesquisas. Surpreendentemente, meu blog teve um acesso significativo em pouco tempo, considerando que foi criado em abril de 2011. Gostaria de expressar meu agradecimento a todos que têm visitado este blog. Espero ter ajudado e contribuído de alguma forma. Se você tiver um texto para compartilhar, envie-me, pois eu o postarei, o que também será uma ajuda para mim. E-mail: regisneia@gmail.com

Tradizir página

Adicionar aos Favoritos

Imprimir ou Salvar em PDF

Print Friendly and PDF

terça-feira, 28 de junho de 2011

Opiniões de diversos autores sobre os princípios e os pressupostos da educação inclusiva

Imagem Google Gráfico sobre preconceito escolar

Análise através do olhar da psicóloga, pedagoga e psicopedagoga, Maria Antonieta M.A. Voivodic em seu livro: Inclusão Escolar de Crianças com Síndrome de Down. A doutora começa o livro afirmando que a deficiência sempre esteve presente em sua vida, pois teve polimielite e que mesmo naquela época seus pais assumiram uma postura de aceitação, visto que ainda não se falava em inclusão, más por intuição ou por falta de recursos, sempre procuraram propiciar as estimulações que ela necessitava como: nas brincadeiras, dança, bicicleta e outras situações que normalmente pertencem ao dia-a-dia de uma criança. Ela ainda afirma que sua infância foi muito feliz, que estudou e se formou, indo trabalhar em uma escola, que lá tentou, mudar o enfoque de atuação da educação, que essa deveria ser educativa e não terapêutica como é com toda criança. Apesar de tentar intervir não obteve os resultados pretendidos e tudo que ela via era crianças sendo agregadas, passando de uma instituição para outra. Após dois anos e meio de trabalho ela saiu dessa escola e junto com outra colega montou uma escola de educação infantil, o sonho de trabalhar com alunos deficientes estava adormecido, até que teve uma oportunidade de receber um aluno com hidrocefalia, daí então, começaram todos os estudos e descobertas para atender esse aluno que acabou atraindo outros com outras deficiências, e uma situação que ela mencionou foi que ao receber alunos deficientes acabou perdendo outros alunos que não portavam deficiências por preconceito dos pais, porém continuou firme com seu projeto. Hoje através de suas pesquisas, vou postar apenas as opiniões de diversos autores sobre educação inclusiva nas escolas, em outro momento postarei aqui, seu estudo sobre os alunos com Síndrome de Down. Segundo a autora: "Na política educacional brasileira, podemos constatar uma preocupação governamental com a 'educação para todos', preferencialmente em classes comuns de ensino regular, evidenciada na proposição de leis e normas já aprovadas. Em outros artigos eu já postei algumas Leis de Políticas Públicas Inclusivas, então não me estenderei nesse assunto, por favor, leiam: Qual é a Proposta da Inclusão neste Blog. Continuando: Segundo Mendes,(1999:14), "As propostas não garantem competência à escola para ensinar alunos com necessidades educativas especiais. Elas até podem favorecer a inserção desses alunos nas classes regulares, mas não garantem que eles irão permanecer, ou que irão aprender o que lá será  ensinado, e muito menos que terão equiparadas suas oportunidades de desenvolver todas suas potencialidades".

Entende-se que na educação é importante se ater ao fator de transformação para todos os indivíduos, uma educação de qualidade, que atenda suas necessidades educativas especiais, torna-se fundamental para os indivíduos com deficiência mental. A autora ainda afirma que é a própria sociedade quem cria os problemas para a pessoa com deficiência mental, colocando-a em desvantagem (handcap) para desempenhar suas funções em virtude de ambientes restritivos e discriminatórios.

A educação inclusiva não surgiu por acaso. É fruto de um momento histórico e faz parte de um sistema social e econômico em transformação. Aqui ela começa com as opiniões de outros autores: Segundo Mrech (1999), a inclusão tem suas raízes em movimentos anteriores à própria década de 1996 e seus eixos básicos se formaram a partir de quatro vertentes: a emergência da psicanálise, a luta pelos direitos humanos, a pedagogia institucional e o movimento de desinstitucionalização manicomial. 

A inclusão, também está ligada a movimentos de pais, um exemplo foi no EUA, que os pais de alunos com deficiência fundaram organizações como a National Association for Retarded Citizens, com o objetivo de reivindicar educação para seus filhos e defender o direito de serem escolarizados em ambientes mais normalizados (cf. Silva et al., 2002: 5-13). Então, nas décadas de 1980 e 1990 começa-se a falar sobre inclusão. A educação de deficientes no Brasil iniciou-se em instituições especializadas, nas quais ficavam segregados do convívio com as pessoas normais. Porém na década de 1950, em caráter experimental, a primeira sala de recursos em São Paulo para que deficientes visuais estudassem em classes comuns. Essa tendência pela educação integrada e não segregada ampliou-se com a criação de outras salas de aluno deficiente sensorial e com a criação de classes especiais para alunos com deficiência mental. A partir das décadas de 1960 e 1970, apareceram programas voltados para integração (mainstreaming), em nosso sistema educacional encontramos atualmente uma verdadeira integração não-planejada ou uma inclusão incipiente. A integração não-planejada refere-se à presença de crianças com deficiência na sala comum, sem apoio especializado e sem planejamento. Isso ocorre por causa de escassez de serviços de diagnóstico precoce, fazendo com que a escola regular se torne a única alternativa disponível (cf. Odeh, apud Mrech, 1999).

Vemos que no Brasil, o acompanhamento das posturas internacionais se faz através de leis que postulam determinadas ações, mas cuja implementação é lenta e não planejada. Vou abrir um parêntese aqui na fala da autora, porque não posso ficar calada. Aqui em Goiás o descaso é tão grande que muitos profissionais contratados foram mandados embora, consequentemente muitos alunos ficaram sem apoio, o que quer dizer que nem sempre a leis andam lentamente, e sim, são descumpridas.

Continuando: integração vem do verbo integrar, que significa formar, coordenar ou combinar num todo unificado. Inclusão, do verbo incluir, significa compreender, fazer parte de, ou participar de. 
Dens (apud Masini, 200), coordenador do movimento integracionista da Europa, em 1998, assinala as seguintes características que diferenciam os termos integração e inclusão: integração refere-se a intervenções para que a criança com necessidades especiais possa acompanhar a escola, sendo o trabalho feito individualmente com a criança e não com a escola; inclusão é o oposto, é um movimento voltado para o atendimento das necessidades da criança, buscando um currículo correto para incluí-la.

Mantoan (1997) reitera a posição de Dens, pois acredita que, para que a inclusão seja efetivada, sejam necessárias mudanças de paradigmas sociais de forma a propiciar um ensino de qualidade para todos. Essa autora é bastante enfática ao afirmar que a inclusão é impossível de se efetivar por meio de modelos tradicionais de organização do sistema escolar. Para ela a integração é uma forma condicional de inserção que vai depender do nível de capacidade do aluno de adaptação ao sistema escolar, porém o esquema se mantém o mesmo.

Bueno (2001) também diferencia integração e inclusão dependendo de como a escola lida com a deficiência. Para esse autor, a integração tem como pressuposto que o problema reside nas características das crianças com necessidades educativas especiais, sendo que a inserção em escolas comuns só ocorre "sempre que suas condições pessoais permitirem". Já a inclusão coloca a questão da incorporação dessas crianças pelo ensino regular sob outra ótica, reconhecendo a existência das mais variadas diferenças. Essa visão considera as diferenças humanas normais, sendo que a escola deve adaptar-se às necessidades das crianças.

Para Masini (1997), quando se fala em integração da pessoa portadora de deficiência, não se pode deixar de lado a constituição psíquica do sujeito, salientando que quaisquer projetos que sejam realizados nesse sentido precisam levar em consideração as condições de formação da personalidade. Segundo a autora, integração e inclusão não são sinônimos e devem ser posteriores à integração psíquica do indivíduo.
Mazzota (1998) entende inclusão e integração como processos essenciais à vida humana ou à vida em sociedade. "O ponto fundamental é a compreensão de que o sentido de integração pressupõe a ampliação da participação nas situações comuns para indivíduos e grupos que se encontravam segregados. Portanto, é para os alunos que estão em serviços de educação especial ou outras situações segregadas que prioritariamente se justifica a busca da integração. Para os demais portadores de deficiência, deve-se pleitear a educação baseada no princípio da não segregação ou da inclusão". (Mazzota, 1998: 5).

Carvalho (1997), ao abordar o tema, usa indiferentemente os dois termos. São palavras da autora: "Assim como a integração, a inclusão é um processo que não vai ocorrer por decreto dos legisladores! E mais, essa inclusão, cujo corolário é a integração, só terá os efeitos desejados se, e apenas se, for aceita por toda a comunidade escolar" (Carvalho, 1997: 204). Novamente terei que interferir aqui, sem querer ser enfadonha, pois em um de meus artigos falo justamente disso: é muito fácil construir leis e aprová-las, porém deve-se preocupar em preparar a sociedade para inteirá-las em seu cotidiano, não se esquecendo de promover cursos sobre "Políticas Públicas Inclusivas aos Governantes", porque eles são os primeiros as descumpri-las. 

Continuando o estudo da pesquisadora: Glat (1997) adverte para a dificuldade de transformar o discurso sobre integração em uma prática generalizada e permanente. Enfatiza que se esta integração for vista apenas sobre o ponto de vista funcional, apesar das garantias legais de efetivação da proposta, chegaremos ao máximo a uma inserção espacial ou integração física.

Schwartzman (1997) entende que não se pode ser aprioristicamente contra ou a favor da ideia de integração, antes de definir o tipo de integração a que se refere e que tipos de deficiências estão sendo levados em conta. Acredita que criança com quadros leves de retardamento mental, ou outras deficiências (intelectuais, motoras, sensoriais), com graus leves de comprometimento, podem se beneficiar do ensino regular na medida em que encontrem circunstâncias pedagógicas, psicológicas e pessoais favoráveis. Porém, no caso de prejuízos mais severos, coloca a integração como discutível e utópica e adverte que, dependendo do comprometimento, será impossível a frequência dessas crianças em uma classe de ensino regular. Mais uma vez entrarei nesse assunto para dar minha opinião: em determinados momentos alguns alunos com deficiência mental, realmente não têm condições cognitivas de apreender as disciplinas oferecidas, ou seja, o currículo escolar não foi adaptado para receber esses alunos, e como estão acompanhados de um professor de apoio, este professor acaba executando um papel que não é o seu, infringindo o código de ética, ao fazer os trabalhos e provas, isso eu já vi acontecer, sendo que, o aluno está visivelmente ali para se sociabilizar, então, deve-se encontrar uma maneira de fazê-lo pertencer a esse grupo de alunos ditos normais, sem ferir os direitos dos pertencentes a esse grupo,  que são prejudicados por não terem a mesma cognição e perspicácia do professor em questão. 

A autora acredita que as opiniões dos autores citados, dependendo do tipo de necessidade educacional da criança, permeiam as principais polêmicas. Que considerando que a pluralidade, e não a igualdade é principal característica do ser humano, e que a educação deve contemplar essa diversidade da condição humana, propiciando oportunidades iguais para seu desenvolvimento, fica evidente que não é apenas o educando, com deficiência ou não, que deve adaptar-se ao sistema de ensino e sim a escola é que tem o dever de atender as necessidades da criança para a sua real participação, ou seja, para a sua inclusão. (Voivodic, 2008: 29).

Referência Bibliográfica:
VOIVODIC, Maria Antonieta M.A. Inclusão escolar de crianças com Síndrome de Down, Petrópoles, RJ: Vozes, 2008.
Atenção! não postarei as referências feitas pela autora, mesmo porque minha única referência foi seu livro.